Olímpiada tem duas obras embargadas por falta de segurança em uma semana

A falta de segurança para operários causou o embargo da segunda obra olímpica no período de uma semana. Na manhã desta quarta-feira (12), fiscais do trabalho paralisaram a construção de um trecho da Transoeste, corredor de ônibus da Barra da Tijuca (zona oeste) incluído da lista oficial de obras de legado dos Jogos Olímpicos de 2016.

Na quinta-feira da semana passada (6), fiscais do trabalho já haviam embargado a obra de duplicação do Elevado do Joá. O elevado liga a zona sul do Rio à Barra. Sua reforma também está no plano de legado da Rio-2016.

Em ambos os casos, os fiscais constataram que normas de segurança não estavam sendo respeitadas pelas empreiteiras contratadas pela Prefeitura do Rio para executar as obras. Os projetos foram embargados justamente porque os operários que ali trabalham corriam risco.

No Joá, foram constatada falta de proteção contra choque elétrico, de sinalização de advertência noturna, escadas e rampas em escavações. Também verificou-se a falta de proteção contra queda de trabalhadores, que trabalham junto um desfiladeiro à beira do mar.

Na segunda-feira (10), os problemas foram solucionados e a obra foi retomada. A duplicação vai custar R$ 460 milhões aos cofres municipais.

Já Transoeste vai custar R$ 1 bilhão, no total. Parte da obra já foi inaugurada em 2013. O trecho entre o Terminal Alvorada e a Barra, contudo, só deve ficar pronto em 2016. Esse trecho vai R$ 91 milhões.

Lá, fiscais viram risco de atropelamento de operários, que trabalham no canteiro central de uma importante avenida do Rio, a Avenida das Américas. Também foi identificada a capacidade insuficiente de refeitórios e de equipamentos de proteção, como óculos, coletes reflexivos, touca e máscara. A obra só será liberada após o atendimento de exigências de fiscais do Ministério do Trabalho.

Greve no Parque Olímpico

Em abril, operários do Parque Olímpico fizeram uma greve de duas semanas reclamando de más condições de trabalho. Na época, os trabalhadores afirmavam que estavam sendo mal representados pelo Sindicato da Construção e pediam que o Sindicato da Construção Pesada passasse a negociar por eles melhor remunerações e plano de saúde.

Vale lembrar que, durante a preparação do país para a Copa de 2014, operários paralisaram as obras de estádios por 103 dias, segundo o "Dossiê Megaeventos e Violações dos Direitos Humanos no Brasil", lançado na semana passada.

Só em obras de estádios, dez operários morreram. Em Manaus, quatro operários morreram enquanto trabalhavam na Arena da Amazônia. Já em São Paulo, outros três operários morreram em acidentes no canteiro de obras do Itaquerão.

A Prefeitura do Rio de Janeiro foi procurada pelo UOL Esporte para comentar o embargo de duas de suas obras para a Olímpiada. Informou que a paralisação e a segurança dos operários é responsabilidade das construtoras contratadas pelo município para executar os projetos.

A APO (Autoridade Pública Olímpica) é o órgão governamental responsável pela fiscalização e monitoramento de todo projeto olímpico. Questionada sobre os embargos, ainda não se pronunciou.
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